quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O vórtice de perspectiva total

Você já ouviu falar sobre o título da postagem?
Pois trata-se de uma arma terrível do "Guia do mochileiro das galáxias", responsável por mostrar para as pessoas a sua insignificância no universo.
A única pessoa a sobreviver foi nada menos que o presidente da galáxia, Zaphod Beeblebrox (ao lado com uma dinamite pangalática na mão), que ao usar a máquina, saiu convencido de que o universo inteiro girava ao seu redor.
O vídeo abaixo pode ser encarado como um vórtice de perspectiva total em miniatura, com uma viagem que se inicia nos Himalaias e segue até o espaço exterior observável, e de volta.
Não deixa de ser uma lição de humildade!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Memes

Pronto, era o que faltava.
Agora eu virei tirinha meme na mão de um aluno do Anglo Manhuaçu.

Essa aqui é me zoando por causa da minha cara na hora que eles fazem zona.

E essa aqui já deu pra perceber que é por causa do meu ateísmo notório.

Tenho que admitir que ri bastante quando vi isso postado no facebook.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Paraplégico volta a andar

Graças a quem? Ciência ou religião? Vale um doce para quem acertar a resposta.


O major da PM Maurício Ribeiro voltou a andar após 9 anos de imobilidade graças a um tratamento inédito com células-tronco. Resultados semelhantes ocorreram com outros pacientes.
Estamos começando a presenciar a medicina do futuro, e isto é fantástico.
Que as superstições de alguns não impeçam a melhoria da qualidade de vida da maioria.

Leia mais sobre a notícia no Estadão.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O terceiro chimpanzé

Na dica de leitura de hoje, o livro "O terceiro chimpanzé" de Jared Diamond.
Dentre os assuntos do livro, discute-se o tamanho do pênis e seios nos primatas; como escolhemos nossos parceiros sexuais; quais motivos levam os indivíduos que formam um casal a se parecer; as origens da fidelidade e traição, além de vários outros temas.
Vale a pena a leitura.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Frase do dia: os gênios também morrem

Demorei um tempinho pra prestar as homenagens, mas está ai. Steve Jobs, o homem que imprimiu sua marca no mundo.

"Ninguém quer morrer. Até mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para ir para lá. Ainda, a morte é um destino que todos nós compartilhamos. Ninguém conseguiu escapar dela. E assim é como deve ser porque a morte é talvez a melhor invenção da vida."

É verdade Steve, o ciclo de vida e morte ao qual todos os seres fazem parte nos possibilitou ter a sua genialidade durante um tempo. Infinitamente melhor nascer e morrer do que jamais ter nascido. E você, como tudo que foi vivo, morreu, mas seu brilhantismo seguirá a iluminar o mundo durante um longo tempo.

Aplicação de cálculo

Tá aí..., achei que jamais encontraria uma aplicação para a disciplina MAT-146 (cálculo I) que fiz na faculdade.
Hoje encontrei, digitar as senhas no fileserve pra poder baixar séries.


Pra quem nunca fez essa matéria, entenda o que é limite aqui.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Abaixo assinado pela valorização do biólogo


Aos colegas Biólogos (graduados e graduandos): segue abaixo um link que mobiliza um abaixo assinado de no mínimo 20.000 assinaturas e que será enviado ao Congresso Nacional para reivindicar o piso salarial mínimo do Biólogo. Devemos lutar para que nossa profissão seja mais valorizada.

Pela valorização do profissional que é, antes de tudo, um apaixonado pela vida.


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

In neutrinos we trust...........

Eis que uma pequena partícula resolve desafiar a Teoria da Relatividade.


Para saber mais, leia a matéria da Veja e o artigo no Blog do meu amigo Paulo Sutil.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O tamanho de todas as coisas.

Caramba...
Isso aqui é um negócio legal.
Dá uma noção boa sobre tamanho das coisas, e ao mesmo tempo nos faz parecer bastante insignificantes.


Clique na imagem e vá passando a barra para frente e para trás.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A história de quando éramos peixes

Um ótimo livro que conta a história de Neil Shubin e a descoberta do Tiktaalik roseae, um fóssil de transição fantástico, de peixe com características de anfíbios.
Leitura essencial para quem gosta de evolução e/ou quer aprender um pouco mais sobre a paleontologia e evidências evolutivas.
Tenho que admitir que estou lendo bem devagarinho, chateado por saber que uma hora o livro vai acabar.
Aproveitem!

Apostila: Origem da Vida

De agora em diante passarei a disponibilizar aqui no blog algumas apostilas feitas por mim para download. Começo as postagens com uma feita para o Ensino Fundamental sobre Origem da Vida.
Aproveite.
Até mais.


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O fanatismo religioso no banco dos réus

Pela primeira vez hoje eu tive a sensação de viver em um estado laico, que não tem religião definida e protege o direito de não crer em nada. O texto abaixo foi retirado do site do Terra.

O Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo moveu ação civil pública contra a emissora Rede TV! e a Igreja Internacional da Graça de Deus pela veiculação de mensagens ofensivas contra pessoas ateias. Nela, o órgão pediu que ambas se retratem no programa de onde partiu as declarações, bem como esclareçam à população sobre a diversidade religiosa e liberdade de crença no Brasil durante o dobro do tempo usado nas supostas ofensas.
Durante a edição do programa O Profeta da Nação de 10 de março, o apresentador disse: "Só quem acredita em Deus pode chegar pra frente. Quem não acredita em Deus pode ir pra bem longe de mim, porque a pessoa chega pra esse lado, a pessoa que não acredita em Deus, ela é perigosa. Ela mata, rouba e destrói. O ser humano que não acredita em Deus atrapalha qualquer um. Mas quem acredita em Deus está perto da felicidade."
Segundo o procurador regional dos Direitos do Cidadão, Jefferson Aparecido Dias, as declarações ferem a Constituição Federal e a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ele afirmou o Brasil é um Estado laico e que a todos é assegurada a liberdade de crença religiosa, além da possibilidade de ser ateu e agnóstico.
O MPF também pediu que a Secretaria de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações, instituição responsável pela regulamentação dos serviços de radiodifusão, fiscalize o programa e a emissora. Para o MPF, foi ferido um artigo do Regulamento dos Serviços de Radiofusão que obriga a subordinação dos conteúdos às finalidades educativas, informativas e culturais.

Link da matéria original: Terra.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Frase do dia: Vida após a morte

Depois de um longo tempo sem postagem de frases, vai uma do cosmólogo e físico teórico Stephen Hawking; um dos cientistas mais consagrados da atualidade.


"A vida após a morte é um conto de fadas para quem tem medo de morrer." Stephen Hawking.


Uma frase corajosa para quem é covardemente acusado de ser culpado pela própria doença por fanáticos religiosos, simplesmente por não crer na existência de divindades.

terça-feira, 5 de julho de 2011

A ATEA lança a primeira campanha ateísta do Brasil

A ATEA (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos) lançou a primeira campanha publicitária voltada para a divulgação do pensamento ateísta. As peças publicitárias foram divulgadas em outdoors da cidade de Porto Alegre, e visam diminuir o preconceito contra a minoria, de acordo com pesquisas, mais odiada do Brasil.

Cartazes divulgados pela ATEA.

Leia mais nos links:

E no site da associação:

Vida 2.0: o primeiro ser artificial

Definir o que é vida é bastante complicado. Basta perceber que um grupo inteiro de seres não “respeita” as definições que temos da vida; são os vírus, organismos acelulares e sem metabolismo próprio, mas portadores de material genético.

Representação do vírus da AIDS; um organismo acelular.

Apesar de não podermos separar de forma eficiente os seres animados dos brutos, a vida sempre me encantou. É talvez esse limiar que gera inquietação e leva algumas pessoas a estudar biologia (bios=vida; logos=estudo).
Em 1953, as perguntas corretas levaram os pesquisadores Watson e Crick à descoberta da estrutura da molécula de DNA (ácido desoxirribonucléico). O código da vida seria desvendado. Agora sabemos que todos os seres vivos possuem um manual de instruções de como montar escrito nas letras A, T, C e G (adenina, timina, citosina e guanina) em um livro de milhões de páginas, guardado no interior das células.

A molécula de DNA; o código de barras da vida.

As aplicações da descoberta da estrutura do DNA foram gigantescas. Desde os testes de paternidade ao projeto genoma humano, passando pelos transgênicos e a terapia gênica. Não demoraria para que começássemos a nos perguntar: Seria possível criar vida em laboratório? Eis que o genial badboy das ciências biológicas, Craig Venter, surge em cena.

As implicações da descoberta da estrutura do DNA.

Venter é bastante criticado por seus colegas, pois visa quase que exclusivamente o lucro em suas pesquisas. Desta vez não seria diferente. Como um Bill Gates da biologia, Venter criou o que podemos chamar de Windows vivo. Vamos primeiro entender sua pesquisa para depois discutir as implicações.

Um sistema operacional vivo.

Venter mapeou o genoma da bactéria Mycoplasma mycoides. Em laboratório, deletou sequências que possibilitavam a bactéria causar doença, e inseriu algumas sequências “artificiais” em sua quimera unicelular. Dentre as sequências inseridas estão, de forma codificada, um site secreto, que se descoberto por outros pesquisadores, possibilita que entrem em contato com a equipe, além do nome das pessoas que participaram do estudo.
O genoma sintetizado foi inserido em célula de Mycoplasma capricolum sem DNA próprio (foi previamente retirado), e voilá. As proteínas produzidas eram de acordo com o DNA artificial. A equipe batizou o invento digno de Mary Shelley de Mycoplasma laboratorium.

Craig Venter e sua bactéria sintética; um verdadeiro monstro de Frankenstein unicelular.

Tudo bem, podemos concordar que Venter utilizou muita “matéria prima” dos próprios seres vivos (a sequência de DNA da bactéria original, a célula da segunda bactéria); mas mesmo assim, foi a primeira vez que um ser vivo teve seu DNA totalmente montado em laboratório. Um grande feito!

O experimento: 1- o DNA da Mycoplasma mycoides foi codificado; 2- Nucleotídeos são utilizados na produção de uma nova fita; 3- A sequência obtida foi sintetizada em um novo genoma (com algumas alterações, como o nome dos pesquisadores codificado); 4- O genoma sintético é inserido em uma Mycoplasma capricolum com o DNA próprio previamente retirado; 5- Mycoplasma laboratorium; 6- Todas as proteínas produzidas pela nova bactéria são idênticas às da primeira.

Dá para imaginar as aplicações? A bactéria sintética teve boa parte de seu genoma, a parte que não era essencial, deletada. Seu gasto de energia é o básico para se manter viva. Um organismo perfeito para os engenheiros genéticos.
Imagine a seguinte situação hipotética: Sou um produtor de álcool, e preciso de um organismo que fermente a cana eficientemente. Basta inserir o gene para fermentação na bactéria sintética. Agora imagine alguém que queira produzir insulina para diabéticos, ou hormônio do crescimento, ou fatores de coagulação para hemofílicos. As possibilidades são enormes. Venter criou um sistema operacional básico da vida; o comprador apenas "instala os programas" (genes) que quer usar.
Como esperado, o setor da sociedade que mais causou alvoroço foi a igreja. Não faltaram líderes religiosos para acusar Venter de brincar de deus. Reza a lenda, que para eles Craig respondeu: _E quem disse que estou brincando?

domingo, 29 de maio de 2011

Evidências evolutivas: o passado impresso no corpo III (embriologia)

    Chegamos, finalmente, ao terceiro e último artigo sobre o tema “evidências evolutivas”. Ufa! São tantas, que deu pra cansar.
    No artigo anterior, falamos sobre as gambiarras evolutivas, órgãos readaptados para uma nova função ou com erros de projeto. O desenvolvimento embrionário não deixa de ser um tipo de gambiarra também.
    O motivo de dedicar um artigo inteiro ao tema é a bizarrice que podemos encontrar em estruturas claramente ancestrais mantidas nos nossos embriões, quase como se um embrião não soubesse produzir uma pessoa, sem antes produzir algo bem diferente dela. Algumas estruturas muito úteis em nossos ancestrais continuam sendo produzidas em nossos embriões, pois mudanças profundas no “programa embrionário” não seriam viáveis.
    O interesse no desenvolvimento embrionário é antigo. Leonardo da Vinci já esboçava, com toda sua genialidade, desenhos sobre o assunto.

Visão de da Vinci do embrião humano no útero.

    Posteriormente, os naturalistas dos séculos XVII e XVIII imaginaram o espermatozóide humano como um bebezinho pré-formado. Ou seja, o pai possuía a semente, e a mãe, coitada, era apenas o adubo. Serviriam apenas para nutrir a semente.

Espermatozóide segundo os naturalistas de antigamente.

    Atualmente, graças aos avanços da embriologia, citologia e genética, conhecemos muito sobre a formação de uma pessoa, e como suas características foram herdadas. Boa parte do nosso conhecimento vem da análise de embriões de outros animais, e comparação com os embriões humanos.
    As comparações mostraram semelhanças grandes nos embriões de animais muito diferentes na fase adulta, inclusive com vários órgãos sem utilidade nos adultos, mas presentes em fases embrionárias. Ninguém ai conhece pessoas com brânquias, não é? Mas todos nós já possuímos fendas branquiais. Claro, servem para respirar enquanto estamos dentro do útero, certo? Errado! Lembre-se que as trocas gasosas são feitas pelo cordão umbilical, via placenta. As fendas branquiais originam a mandíbula, a traqueia, os ossículos do ouvido e órgãos como o timo, não possuem função respiratória alguma.

Fendas ou arcos branquiais no embrião humano.

    Uma das explicações para as semelhanças foi proposta por Ernst Haeckel que afirmava que a “ontogenia recapitula a filogenia”, ou seja, as fases embrionárias imitam, repetem, os grupos de seres vivos estudados na taxonomia. De acordo com essa hipótese, nós teríamos uma fase embrionária que simula um peixe, outra que simula um anfíbio, e assim por diante. Sabemos atualmente que não é assim que acontece, mas realmente existe ligação entre a ontogenia e a filogenia.
    Várias das nossas fases embrionárias são comuns às de outros animais. Este fato evidencia um ancestral em comum. Em determinadas fases fica muito difícil diferenciar um embrião humano de outro de qualquer grupo de vertebrados.

Gravura de embriões de vertebrados em vários estágios de desenvolvimento.

    Abaixo relaciono algumas estruturas não encontradas em humanos adultos, mas presentes durante o desenvolvimento embrionário. Estas estruturas, mesmo não existindo após o nascimento, podem ser usadas para produzir órgãos úteis, por isso, defeitos nelas podem gerar malformações.

1- Fendas Branquiais

    São dobras laterais, localizadas nas paredes da faringe do embrião. Nos peixes e anfíbios formam as brânquias, ou guelras, que tem função de trocas gasosas; já os humanos utilizam pulmões na respiração.

Brânquias em um peixe ósseo, em larva de anfíbio e peixe cartilaginoso, respectivamente.

    Não seria então mais fácil trocar o projeto? Parar de produzir as brânquias e começar do zero com os pulmões? Não.
    Com certeza é mais prático mudar o programa das brânquias de forma sucessiva, aos poucos, até chegar aos pulmões. É mais fácil modificar um projeto passo a passo do que produzir um novo, radicalmente diferente; e foi o que aconteceu. As fendas branquiais acabaram modificadas para a produção de vários órgãos, como comentei anteriormente; mais gambiarras, como vimos no artigo anterior.
    Quando uma das fendas branquiais apresenta defeito no embrião, estruturas funcionais no adulto podem sofrer malformações, como o surgimento de cistos cervicais, que podem formar fístulas. Essas estruturas podem causar dor e sofrer rompimento para a pele, liberando um líquido esbranquiçado.

Erros nas gambiarras ancestrais. 1 - Cisto do ducto tireoglosso; e 2 - locais onde ele pode se manifestar. 3 - Cisto branquial na pessoa; 4 - sendo extraído; 5 – fístula no pescoço e 6 – próximas da orelha.

2- Notocorda

    A notocorda é um bastão dorsal encontrado nos embriões de todos os animais denominados cordados. Nos cordados primitivos, como o anfioxo, a notocorda permanece no adulto, servindo como estrutura de sustentação. Nos vertebrados, acaba sendo substituída pela coluna vertebral e auxiliando na formação dos ossos do crânio.

1 – anfioxo fixado; 2 – anfioxos; 3 – a coluna vertebral; 4 – corte de anfioxo evidenciando a notocorda no círculo próximo ao número; 5 e 6 - Pristella tetra, um animal com coluna vertebral visível.

    A presença de uma estrutura tão primitiva como a notocorda, encontrada em invertebrados adultos como o anfioxo, em embriões de animais vertebrados mais complexos serve de evidência de um ancestral comum a esses grupos. Usar esta estrutura para dar origem a novas foi a forma que os vertebrados desenvolveram para reaproveitá-la na formação de uma estrutura muito mais funcional, a coluna vertebral.

3- Membranas interdigitais

    Você já deve ter ouvido dizer que os embriões humanos possuem membranas entre os dedos, como as patas (não as fêmeas, os membros) dos patos e dos anfíbios. Nesses animais, essas estruturas são importantes, pois auxiliam na natação, mas nos seres humanos, desaparecem, deixando apenas os dedos.

As patas com membrana interdigital (dedos ligados) dos patos; e curioso caso de um pato que nasceu com uma anomalia, não possuindo a membrana entre os dedos.

    O desaparecimento dessa membrana ocorre por autólise, processo onde as células da região morrem e são reabsorvidas pelo corpo, modelando os dedos.

Mão humana no 48º dia de desenvolvimento.

    Como no exemplo das fendas branquiais, os melhores casos para estudo são quando ocorre falha nesse mecanismo. Quando uma pessoa nasce com dedos ligados devido a problemas no processo de morte das células da membrana interdigital, chamamos de sindactilia. A fusão pode ser tanto pela pele quanto óssea, o que dificulta uma cirurgia.

1 – pessoa com sindactilia nos dedos dos pés; 2 e 3 – criança chinesa que nasceu com duas anomalias, algo altamente improvável, possuindo sindactilia e polidactilia (mais de cinco dedos nos membros) ao mesmo tempo; 4 e 5 – raios-x das mãos e pés da mesma criança.

    A análise das anomalias que podem surgir nos dedos lançam a seguinte pergunta: Qual o motivo dessas membranas serem formadas inicialmente? Parece um tremendo desperdício criar um monte de células somente para depois eliminá-las. Isso é algo que só faz sentido através da seleção natural. Lembre-se, a evolução não cria necessariamente o melhor projeto, mas com certeza privilegia os que funcionam, mesmo que não seja a melhor opção.

4- Cauda

    Já comentamos sobre o nascimento de alguns bebês com cauda no artigo anterior. Durante o desenvolvimento embrionário, forma-se uma cauda que, posteriormente, acaba desaparecendo pela fusão das vértebras, criando uma estrutura vestigial denominada cóccix.
    Em muitos dos casos de crianças com caudas, não existe esqueleto interno, mas em alguns deles sim, possuindo cartilagens e articulações. É mais um exemplo de estrutura desnecessária no adulto, mas que está lá no embrião, indicando parentesco entre nós e os animais que a apresentam durante toda a vida.

Embrião humano no 1º mês de desenvolvimento, com a cauda em destaque; e radiografia de uma menina de 6 anos com uma cauda atávica. As vértebras em azul claro são normais, e as em amarelo deveriam estar fundidas no cóccix.

    A formação de um ser humano é um processo muito complexo, e também maravilhoso. Existem várias etapas onde um erro pode gerar deformações ou morte. Como diria Dawkins, “existem mais formas de estar morto do que vivo”.
    A principal parte da grande história da vida é contada na embriologia, com seus erros de projeto, mudanças de rumo na produção de estruturas e arrependimentos que recapitulam órgãos a muito esquecidos, como nos atavismos.
    O processo como um todo guarda informações de um passado muito distante, de quando ainda não éramos humanos. Parece extraordinário imaginar que um ser vivo unicelular ancestral descobriu a pluricelularidade, e após isso o desenvolvimento embrionário, agrupando diferentes tipos de células em diferentes tecidos, formando toda a diversidade de órgãos que conhecemos. Se isso tudo parece improvável, deixo apenas a resposta de J. B. S. Haldane em uma palestra onde uma criacionista da plateia diz que simplesmente não podia acreditar que, mesmo em bilhões de anos, se pudesse "ir de uma célula única a um complicado corpo humano". Haldane retruca: "Mas, madame, a senhora mesma fez isso. E em apenas nove meses".

7 semanas de gambiarras.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Frase do dia: a construção científica

Um dos lordes da ciência moderna, Isaac Newton, faz sua reaparição em meu blog. Um pesquisador tão brilhante não poderia resumir-se a apenas uma frase postada.


"Se eu vi mais longe, foi por estar de pé sobre ombros de gigantes." Isaac Newton


A frase mostra humildade por parte do grande homem. É o reconhecimento de que a ciência é uma construção. O que nos parece impossível agora, pode ser desvendado no futuro, usando descobertas anteriores.
Muitas vezes, estudamos a explicação de antigos mistérios naturais, e acabamos com a impressão de que chegar àquela resposta foi muito fácil; mas não!
Em muitos casos, demandam-se décadas de pesquisa e o trabalho conjunto de diversos cientistas, muitas vezes não reconhecidos por isto.
Newton foi brilhante (mais uma vez), ao reconhecer que as suas descobertas estavam assentadas em séculos de conhecimento acumulado na história humana por vários gênios, anônimos ou não.


Acima, ilustração de Newton e "sua maçã", uma história que provavelmente não ocorreu, mas que não deixa de ser interessante.

sábado, 14 de maio de 2011

Leitura recomendada: O guia do mochileiro das galáxias

Recomendo demais a leitura da, como sempre faz questão de lembrar meu amigo Paulo, trilogia de cinco livros do Guia do Mochileiro das Galáxias.
Escrito pelo britânico Douglas Adams, com um humor bastante incomum, satírico e ácido; você não precisa ser cientista pra rir das piadas do livro, mas quanto mais você entender da área, melhor será a leitura.
Gosto tanto da coleção que recentemente, mesmo já tendo lido todos de empréstimo, fiz questão de comprá-los para ler tudo de novo.
O universo de Adams é maravilhoso, aprofunde-se nele. Vá comer no Milliways, o restaurante no fim do universo. Mas não se esqueça da sua toalha, e se algo sair errado, não entre em pânico.

domingo, 8 de maio de 2011

Leitura recomendada: Desvendando o arco-íris

Inicio as postagens de "leitura recomendada" com um dos livros que estou lendo no momento.
É o "Desvendando o arco-íris" de Richard Dawkins.

Um livro bastante interessante e que defende a importância, mas principalmente a beleza do conhecimento proporcionadas pela ciência.

Não deixe de ler.

Frase do dia: criatividade e entendimento

Outro ganhador do prêmio Nobel, agora de física, fazendo sua reaparição em meu blog. Agora é a vez de Richard Feynman, americano que chegou a lecionar no Brasil, no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas.


"O que não consigo criar não consigo compreender". Richard Feynman


A frase relaciona-se com a busca eterna da humanidade em compreender as questões fundamentais do universo.
Recentemente, Craig Venter colocou esta frase de Feynman no DNA de sua bactéria com genoma artificial.


Leia um pouco sobre a pesquisa de Venter aqui.
Futuramente postarei um artigo sobre o assunto.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Evidências evolutivas: o passado impresso no corpo II (“gambiarras evolutivas”)

    No último artigo comecei a discussão sobre as evidências evolutivas argumentando acerca dos órgãos vestigiais, um campo bastante conhecido da evolução, visitado inclusive por Darwin em “The descent of man, and Selection in Relation to Sex”.
    Nos dias atuais, as evidências em prol de uma origem comum dos seres vivos têm sido tão flagrantes que vários criacionistas resolveram mudar de abordagem na hora de defender sua visão de mundo. Os literalistas bíblicos têm sido vistos como fanáticos religiosos apenas, e os criacionistas mais instruídos atacam com um pouco mais de cautela e com uma roupagem toda nova a evolução. Eles afirmam que realmente ocorreu um tipo de evolução, mas guiada por um “designer inteligente” desconhecido, nada mais que uma metáfora para algum tipo de divindade. Acabaram tomando uma surra no julgamento de Dover.



    Neste artigo, proponho-me a demonstrar alguns dos erros de projeto do ser humano e outros seres, algumas “gambiarras” que funcionam, como chamei no artigo anterior, compatíveis com uma evolução por seleção natural, e não com um designer onisciente.

Gambiarras humanas

1- A fontanela (moleira)
    Nos primórdios da evolução humana, os hominídeos do gênero Australopithecus em algum momento por volta de 2,5 milhões de anos atrás tiveram uma ideia brilhante. Passaram a alimentar-se de carne de animais mortos pelos predadores da savana africana para complementar sua dieta. A melhoria das estratégias para encontrar as carcaças, e de fugir a tempo de não tornar-se a próxima refeição dos grandes felinos demandou um cérebro maior. Não se esqueça, nesta época os nossos ancestrais ainda eram as presas.

Nossos ancestrais em um piquenique.

    O nosso sistema nervoso é o que mais gasta, disparado, em nutrientes no organismo, logo, um aumento do cérebro requeria maior disponibilidade desses nutrientes. Ou seja, a alimentação à base de carne exigia maior inteligência, que exigia maior disponibilidade de nutrientes encontrados... na carne. BINGO!
    A partir desse momento, uma espiral de demandas evolutivas gerou uma cascata de novas características nas linhagens que levariam até nós. Alimentar-se de carniça demandou um cérebro maior, e exigia também um deslocamento mais eficiente por distâncias maiores para encontrar as carcaças. Isto originou o bipedalismo, que por sua vez, liberou as mãos para fazer outras coisas, como manusear objetos, o que também demandava um cérebro maior.
    O tamanho do encéfalo humano não parou mais de aumentar, e o da cabeça. A postura ereta fixou-se devido ao bipedalismo. É agora que surgem os problemas, pois o andar ereto diminuiu a pélvis humana. Tente imaginar o momento do parto: algo maior, passando por uma abertura menor. Não poderia dar certo, mas deu. O problema foi solucionado gerando outro, pois os bebês da nossa espécie passaram a nascer com uma “má-formação” na cabeça. Os ossos cranianos não são totalmente soldados, o que faz com que sejamos muito vulneráveis durante os primeiros meses de vida; é a fontanela ou moleira.


   A fontanela permite que a cabeça do bebê seja espremida e deforme durante o parto, voltando ao normal depois do nascimento. Podemos imaginar os primórdios, onde os bebês que não tinham essa característica acabavam matando suas mães e morrendo juntos no momento do parto, e isso acontece ainda hoje. Os genes que não levavam à produção da fontanela tenderam a diminuir, com isso a característica de ter a moleira espalhou-se rapidamente na população.

Deformação da cabeça no momento do parto.

    Em troca de termos um intelecto desenvolvido, pagamos com a fragilidade dos nossos filhos no momento que chegam ao mundo. Um design nada inteligente, mas que funciona. A seleção natural não escolhe o melhor, mas sim o que consegue passar seus genes para frente.

2- Testículos
    Vamos discutir agora sobre os testículos, projeto que, com o perdão do trocadilho infame, é um saco. Os testículos são responsáveis pela espermatogênese que é a etapa da reprodução em que os espermatozóides são produzidos, e este processo acontece numa temperatura em média 1 grau abaixo da do corpo. Por este motivo, fato conhecido pelos homens por razões óbvias, no frio a bolsa escrotal encolhe, para aquecer os testículos, e no calor descem para resfriá-los. Eis a grande pergunta. Ao invés de inventar esse mecanismo tosco para manter a temperatura abaixo da corporal, não seria mais prático ter testículos internos e com espermatogênese na mesma temperatura do corpo? O interessante é que alguns animais, como o elefante e as baleias são assim, afinal, ninguém se lembra de ter visto o saco deles, né? LESPA (como dizemos em Viçosa)!!!

O “esconde-esconde testicular” do elefante.

    Um detalhe interessante é que os testículos muito provavelmente eram internos nos ancestrais dos mamíferos. Uma evidência que temos disso é o “desperdício de tubo” que vemos nos canais deferentes. Estes canais levam os espermatozóides em direção à uretra, e após os testículos terem mudado sua posição interna para externa, acabaram dando uma volta desnecessária em torno dos ureteres, que levam urina para a mesma uretra. Um projetista tenta, sempre que possível, fazer economia em sua obra. Não é o que aconteceu neste caso.

Posição dos testículos e seu design “escroto”. Observe na primeira gravura a volta dada pelo canal deferente. Na segunda gravura, temos representado a posição original dos testículos internos (em verde), à direita a posição atual e à esquerda a posição mais econômica e óbvia.

3- Olho humano
    O olho é uma das estruturas mais complexas no corpo humano, mas em contrapartida é uma das mais comuns no reino animal. A estimativa é que diferentes tipos de olhos evoluíram de 40 a 60 vezes de forma totalmente independente, com várias formas, tamanhos e mecanismos de funcionamento. No caso do ser humano, o olho é do tipo câmera, com uma lente para focalizar a imagem e uma retina onde a mesma é formada. Os raios luminosos chegam à retina e a imagem é formada de cabeça para baixo, como podemos ver no esquema com os raios representado a seguir. A re-inversão da imagem é feita pelo cérebro, e a pessoa nem se dá conta.




    Atualmente, modelos de computador simulam o surgimento do nosso tipo de olho a partir de uma estrutura plana, incapaz de formar imagens, mas que possibilitava perceber diferenças de luminosidade. Mas seria isso uma vantagem? Claro que sim. Como diria Dawkins, meio olho é melhor que olho nenhum. Apenas perceber luz é muito primitivo para quem possui um olho formador de imagem, mas ainda assim é melhor do que não perceber nada.
    Qual seria então o problema nesse projeto? Afinal, parece tudo perfeito. Só parece!

O olho humano. Projeto quase perfeito.

    Em seus primórdios, quando o olho era apenas uma estrutura plana e não formava imagem, não importava a posição do nervo óptico. Portanto, a chance era de 50% de que ele se formasse em qualquer dos lados da retina, sem prejuízo algum. Para nosso azar, o “cara ou coroa ocular” colocou o nervo do lado errado da retina, obrigando-o a atravessá-la para levar as informações ao sistema nervoso. Se o nervo não tivesse surgido do lado incorreto, hoje não teríamos uma falha na visão chamada ponto cego.

Na primeira sequência, a evolução do olho como se deu, originando o ponto cego da retina; e na segunda, um tipo de olho que solucionaria esse problema. Em 1, temos olhos incapazes de formar imagens, mas que percebem luz; em 2, capazes de formar imagens, porém bastante desfocadas; e em 3, olhos formadores de imagens nítidas.

    Como não existem células para detectar luz na região do ponto cego, uma parte do campo de visão não é percebida pelo olho. O cérebro preenche esse ponto com informações sobre imagens ao redor e com informações captadas pelo outro olho, dessa forma, não notamos a existência dessa falha. O esquema abaixo serve para que você encontre o seu ponto cego. Siga as instruções e tente.

Você deve ficar bem próxima à tela. Cubra o olho direito e focalize o olho esquerdo na palavra “realidade”. Agora lentamente se afaste ou se aproxime da tela. O “a” vai desaparecer, enquanto a palavra “detectando” continuará visível. Conforme você se movimenta para frente e para trás, o “a” vai reaparecer.

Gambiarras em outros animais

    Como era de se esperar, os outros animais também apresentam uma infinidade de projetos mal feitos, reaproveitamento de estruturas e gambiarras evolutivas. Uma delas foi inclusive comentada no artigo anterior; as patas traseiras de cetáceos readaptadas para a cópula, e sem função na locomoção. Observe a gravura a seguir para relembrar.

Uma das gambiarras, comentada no artigo anterior.

    A seguir analisaremos dois casos típicos de estruturas que não serviam exatamente para o que fazem hoje, mas acabaram sendo readaptadas para desempenhar outra atividade, e por isso foram mantidas.

1- Asas de moscas e mosquitos
    As asas são estruturas quase mágicas que possibilitam para outros animais um dos sonhos mais antigos do ser humano. De várias formas e tamanhos, apresentando diversos tipos de materiais constituintes, são quase uma unanimidade entre os animais. Até alguns peixes aventuraram-se nos ares; e considerando que a maioria dos animais são insetos, chegamos a aproximadamente 2/3 do subreino metazoa sendo dotado de asas.

Peixe voador (Cypselurus heterurus)

    A maioria dos insetos possui dois pares de asas, mas os dípteros (moscas e mosquitos) possuem apenas um, como o nome indica (di=dois; pteros=asas). O segundo par das moscas acabou sendo modificado em forma de halteres (balancins), e funcionam como um giroscópio de helicóptero, possibilitando realizar manobras mais facilmente.

O giroscópio do helicóptero, mesmo princípio dos balancins da mosca; e a libélula (Anax imperator), um inseto típico, com dois pares de asas, para efeito de comparação.

    Um dos maiores dilemas a ser enfrentado pelos seres alados é qual investimento fazer: manobrabilidade ou estabilidade no voo, pois investir em um diminui o desempenho do outro. As moscas acabaram fazendo o primeiro investimento ao desenvolver os balancins.
    Certo, mas por que este exemplo pode ser citado como uma gambiarra?
    Por que os balancins obviamente não foram desenhados para o seu uso atual. São um reaproveitamento de uma estrutura anterior, as asas traseiras, como muitas vezes acontece na evolução.

Balancins em pernilongo. Mais uma gambiarra da evolução.

    Mas como podemos ter certeza que os balancins são asas readaptadas para uma nova função? Por que de vez em quando ocorre uma reversão. As moscas da fruta (Drosophila melanogaster) são muito conhecidas dos biólogos e bastante estudadas como modelos genéticos. Uma mutação que às vezes ocorre nesses animais é a chamada homeótica, que acaba transformando os balancins em asas totalmente desenvolvidas.

Drosophilas: com mutação homeótica, à esquerda, com quatro asas formadas; e normal, com apenas duas asas, à direita.

    Mais uma vez podemos ver a inexistência de um projeto anterior. A evolução começa com um modelo básico, e o motor da seleção natural vai modificando a espécie conforme as condições ambientais mudam. Neste processo, várias estruturas podem ser eliminadas, ou ter funções alteradas. Vale aqui o princípio da reciclagem estrutural.

2- Patas de cavalos
    A anatomia comparada é uma grande fonte de evidências evolutivas. Quando comparamos os órgãos em diferentes seres vivos, chegamos à conclusão de que eles podem ser homólogos ou análogos. Órgãos análogos, quando comparados, possuem uma mesma função entre si, mas os processos embrionários, a maquinaria interna, são bastante diferentes. Um exemplo clássico é a comparação entre as asas, discutidas anteriormente. A asa de uma borboleta desempenha a mesma função que a de um gavião, mas não são nem de longe produzidas da mesma forma, são, portanto, análogas.

Asas de ave e inseto. Mesma função, mas estrutura diferente. A primeira é sustentada por ossos e possui penas; a segunda é feita de quitina, podendo possui escamas, como na borboleta.

    Por sua vez, os órgãos homólogos possuem uma estrutura semelhante, sendo formados pelos mesmos processos embrionários. A função muitas vezes é igual, mas como se trata de um órgão adaptado de diferentes formas a diferentes ambientes, não precisa ser. Agora chegamos ao assunto que dá título a este item, as patas dos vertebrados, especialmente a do cavalo.
    As patas no grupo dos cordados são homólogas, pois independente de sua função, são originadas de uma mesma embriogênese, uma mesma receita básica, e possuem exatamente os mesmos ossos, somente um pouco modificados.

Mesmos ossos, mesma “receita”, mas com pitadas diferentes de cada ingrediente.

    Observando a gravura acima, fica fácil perceber a semelhança entre os ossos destes animais. Mas e os do cavalo? Teriam a mesma origem? Ai já não é tão evidente, pois de cara sentimos falta dos dedos, só pra começar.
    Os cavalos fazem parte de um grupo de animais de casco denominados ungulados, que quer dizer os que caminham sobre as unhas; e é literalmente isto que eles fazem. Caminham sobre a unha do digital 3, o dedo médio. Em seu habitat natural, formado por campos e pradarias, existe pressão seletiva para que as patas tornem-se mais resistentes, facilitando fugir de predadores sem risco de sofrer alguma lesão. A solução acabou sendo reduzir ao máximo os dedos laterais, e aumentar o dedo médio.
    Pode parecer difícil de acreditar, mas o registro fóssil das linhagens que levam ao cavalo atual é muito rico, e possuímos grande número de ancestrais identificados no registro fóssil. Observe abaixo:

Evolução do cavalo. Observe que os ancestrais possuíam mais dedos desenvolvidos que foram reduzindo-se ao longo do tempo.

Ancestrais do cavalo, e a comparação entre o Eohippus e o cavalo atual (Equus). O que 45 milhões de anos não fazem, não é?

    Nos cavalos atuais, às vezes ocorre o que chamamos atavismo, evento definido como o reaparecimento de uma característica primitiva em animais modernos. A mutação homeótica que produz asas ao invés de balancins na Drosophila é um exemplo.
    Os cavalos atávicos apresentam outros dedos funcionais, além do médio, indicando que o número era realmente maior nos ancestrais do cavalo.

Cavalos modernos com atavismo nos dedos.

    As patas com dedo único dos cavalos podem, enfim, ser consideradas uma gambiarra. São claramente modificações de uma estrutura anterior, uma reciclagem. Geralmente é muito mais fácil, do ponto de vista biológico, readaptar uma estrutura do que criar uma nova do zero, e assim os animais apresentam essa enormidade de “impressões digitais” de um passado remoto, que às vezes teima em vir à tona.
    No próximo artigo, encerrarei esta trilogia sobre evidências evolutivas falando sobre a embriologia.
    Até lá!